Entrevista: Luís Lopes – Geotecnologias

GeoLuisLopesConfira agora a oitava entrevista da série onde estamos conversando com profissionais da área de Geoprocessamento que atuam em diferentes regiões do Brasil e do mundo. Eles estão relatando um pouco sobre sua história no mercado de trabalho, comentando sua visão sobre o cenário do Geotecnologias onde vivem, e algo mais. Nosso entrevistado do momento é Luís Henrique Lopes, funcionário do Estado do Amapá e autor de um dos mais conhecidos blogs da área de Geoinformação.

Luis LopesLuís Lopes é Especialista em Geotecnologias e graduado em Ciências Biológicas (Universidade Católica do Salvador). Atualmente é Gerente do Núcleo de Concessão, Controle e Monitoramento Florestal do Instituto Estadual de Floresta do Amapá (IEF-AP). Atuou como Especialista em Geoprocessamento da Assessoria de Geomática (ASSEGEO) do Instituto do Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial do Estado do Amapá (IMAP); Analista de Recursos Naturais do Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) do Centro Regional de Belém/PA. Tem experiência na área de Geoprocessamento, utilizando como softwares de Sistemas de Informações Geográficas: ArcGIS, TerraView e Quantum GIS.

1. Há quanto tempo você trabalha com Geotecnologias e como foi seu primeiro contato com esta área tão empolgante?

Após concluir o curso de Ciências Biológicas pela Universidade Católica do Salvador em 2006, fui convocado, através de aprovação em processo seletivo, para integrar a equipe no Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM), em Belém do Pará, início de 2007. E desde então comecei no ramo das geotecnologias. No começo tive contato com monitoramento de desmatamento em Áreas Especiais da Amazônia Oriental (AP, MA, PA e TO) e posteriormente ministrando cursos para gestores e técnicos municipais sobre o uso de software de SIG (TerraView) na gestão territorial.

2. Você fez algum curso na área de Geoprocessamento? (Pode também citar onde, e se possível algumas características do curso)

Como mencionado anteriormente, minha formação é em Ciências Biológicas e não vi absolutamente NADA a respeito sobre geotecnologias na faculdade. Meu grande “susto” foi ao chegar ao SIPAM e conhecer que todo o trabalho de análise ambiental era baseado em SIG. O próprio Órgão oferecia constantemente cursos de capacitação na área. Dentre esses cursos posso destacar: ArcGIS, ERDAS, ENVI, TerraView e Quantum GIS. E, claro, buscava estudar mais para chegar no patamar dos técnicos que já se encontravam no SIPAM.

Mas isso não bastava. Fiz uma pós graduação lato sensu em “geotecnologias: geoprocessamento e sensoriamento remoto” em Belém. O curso durou 14 meses, com excelentes professores (oriundos da UFPA, Museu Emílio Goeldi, UFRA, geólogos com experiência na CVRD, entre outros).

3. Qual sua visão sobre o cenário atual das Geotecnologias no Brasil? Considera que há boas perspectivas para os profissionais?

O cenário é bom, mas ainda pode melhorar! Nos últimos anos houve um “boom” de profissionais interessados em aprender e utilizar as técnicas em seu dia a dia. A oferta de cursos de curta duração, graduação e pós-graduação na área de geotecnologias estão crescendo. Concursos estão, cada vez mais, exigindo profissionais com conhecimento em geotecnologias e, com isto, as oportunidades na área tendem a aumentar.

Um ponto fundamental para este cenário melhorar é que empresas e/ou Órgãos Públicos despertassem para o uso das geotecnologias como um fator estratégico que pode ser usado em benefício próprio.

4. O que você acha que seja fundamental para que um profissional consiga um bom espaço no mercado de trabalho em Geoinformação?

O importante é o profissional sempre estar atualizado com as novidades do mercado e ser multidisciplinar. O profissional precisa, no mínimo, ter noção de outras áreas de formação. Em outras palavras, o profissional precisa permear por diversas áreas de conhecimento.

5. Com quais softwares para Geoprocessamento você tem trabalhado, desde o início de sua carreira até hoje (comerciais e livres)?

Softwares Geoprocessamento

Meu primeiro contato com software para geoprocessamento foi o ArcGIS (acredito que também o da maioria dos iniciantes). Utilizei o ArcGIS até pouco tempo, quando decidi migrar para softwares livres. Entre os SL's desktop disponíves no mercado, utilizo com mais frequência (praticamente todos os dias!) o Quantum GIS e posso destacar o i3Geo como servidor de mapas online.

6. Atualmente você trabalha em um órgão público do estado do Amapá. Comente um pouco de como as Geotecnologias estão diretamente envolvidas com este trabalho.

Exatamente. Atualmente trabalho no Instituto Estadual de Floresta do Amapá (IEF-AP). O Instituto é responsável, juntamente com a SEMA-AP, pela gestão compartilhada da Floresta Estadual do Amapá (FLOTA-AP), com extensão aproximada de 2.300.000 hectares e engloba 10 dos 16 municípios do estado. Uma área bastante extensa! Aí que entra a geotecnologia.

O auxílio de técnicas de geoprocessamento e sensoriamento remoto ajuda e muito a monitorar uma área como esta. Além disto, pontos que posso destacar é a produção de mapas temáticos para diversos fins, análise espacial envolvendo Unidades de Conservação e implantação de uma IDE com auxílio dos analistas em TI.

7. Você teve a brilhante ideia do movimento “Software Livre também Faz”. O que você diria sobre as potencialidades do uso de softwares livres para Geoprocessamento?

Sempre existia (ou ainda existe!?) aquela história que softwares livres para geoprocessamento não eram eficientes, era lento, muitos “bugs”, burocráticos, interface não amigável, só operava em linhas de comando, etc.

A ideia do movimento foi exatamente mostrar que podemos sim adotar software livre para geoprocessamento em nosso dia a dia. A eficiência é a mesma (e as vezes superior), os resultados são semelhantes, interface intuitiva… enfim, outros mitos foram caindo por terra.

Vejo grandes potencialidades no uso de SL's para geoprocessamento, pois o número de usuários aumenta a todo dia. A probabilidade destas pessoas passarem de usuários a colaboradores é muito grande, propiciando melhorias a todo momento.

8. Soubemos que você tem procurado implantar a cultura do uso de softwares livres para Geoprocessamento na instituição onde você tem trabalhado. Que desafios você tem encontrado neste processo?

Não precisa nem pensar para responder: RESISTÊNCIA! Os grandes mitos, citados anteriormente, fizeram parte do imaginário de muita gente. Acredito que mostrando as funcionalidades e potenciais dos SL's, aos poucos torna-se hábito. Para vencer a barreira da resistência é preciso conhecer.

Acredito que o dinheiro envolvido em compras de softwares para fazer operações corriqueiras (recorte de vetor, extração de raster e layout “bonitinho”) pode ser revertido em capacitações dos técnicos, compra de melhores equipamentos, enfim, dar melhores condições de trabalho ao analista.

Como dito anteriormente, estamos construindo uma IDE. É algo pioneiro aqui no Estado e tudo será em plataforma livre. Já iniciamos com a sistematização de todos os dados disponíveis, implantamos o i3Geo como interface interativa e, atualmente, estamos trabalhando para colocar em prática o catálogo de metadados por meio do Geonetwork. Tudo isso pensando em socializar conhecimentos com técnicos do Instituto e quem sabe, para todo o Brasil.

9. Você gostaria de fazer algum comentário adicional sobre o tema de nossa entrevista?

Gostaria de agradecer o convite para esta entrevista e parabenizar por mais esta iniciativa. Seu trabalho de compartihar conhecimento em seu blog é fantastico. Seu trabalho é de alto nível!

_________________________________________________________

Queremos agradecer ao amigo Luís Lopes por nos conceder esta entrevista que certamente agregou grande valor ao conteúdo de nosso site, em especial nesta série de entrevistas.

O que vocês acharam desta matéria? Já conheciam o trabalho desenvolvido por este grande profissional da área de Geotecnologias? Deixem seus comentários.

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Anderson Medeiros

Anderson Medeiros

Graduado em Geoprocessamento pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB). É o autor do site https://clickgeo.com.br que publica regularmente, desde 2008, artigos dicas e tutoriais sobre Geotecnologias, suas ferramentas e aplicações.
Em 2017 foi reconhecido como o Profissional do ano no setor de Geotecnologias. Atua na área de Geoprocessamento desde 2005.

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9 respostas

  1. andeson como faço para fazer o curso de arcgis o mas rapido possivel, pra mim tambem serve o curso quantum gis

  2. Estarei tentando engrossar o time aqui no Inema. Agora que me tornarei parte do corpo de servidores.

    Logicamente, vou ter de perguntar um monte de coisas, principalmente sobre SL – mesmo estando melhores as coisas por aqui.

    Abraços

  3. Parabéns Baiano. Fico feliz pelo seu sucesso!

    Espero fazer um caminho vitorioso como o seu nessa caminhada tão difícil do labor ambiental.

    Abraços calorosos

    Diogo

    1. Olá Diogo,

      Obrigado pelas palavras. Nesta caminhada também contamos com um pouco da sorte rs!

      Felicidades e parabéns pela conquista no Inema.

      Abraço!!!

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Sobre Anderson Medeiros

Ele já foi reconhecido como o Profissional do Ano no Brasil no setor de Geotecnologias. Graduado em Geoprocessamento, trabalha com Geotecnologias desde 2005. Já ministrou dezenas de cursos de Geoprocessamento com Softwares Livres em diversas cidades, além de outros treinamentos na modalidade EaD. Desde 2008 publica conteúdo sobre Geoinformação e suas tecnologias como QGIS, PostGIS, gvSIG, i3Geo, entre outras.

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